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Programa/manifesto troço Sapateado do bode

Não é espetáculo, é troço. Não há a preocupação em corresponder às expectativas espetaculares do bom gosto, do bem acabado, finalizado. É a escolha pele inacabado, em processo de construção e desconstrução sem fim, pelo rascunho, pelo ensaio. É a abertura da sala de ensaio com seus riscos, incertezas, hesitações, experimentações. É a desmistificação do fazer teatro, feito aqui e agora, às vistas do público, sem truques, sem ilusionismo, sem glamour. É a busca da criação de um espaço de diálogo, de debate, de bate papo ao vivo. É construir espaços coletivos de reflexões onde não haja uma hierarquia entre o popular e o erudito. É teatro de quintal, de garagem, de faça você mesmo. É a escolha pela brincadeira como gesto de resistência à seriedade do dia a dia, à eficiência massacrante, à necessidade de sempre acertar, não errar jamais. É o espaço para o erro, para se sentir à vontade de falar sobre, conversar, comentar, sugerir, participar, completar, complementar, compor. É teatro? É, mas não aquele teatro no qual temos que ficar em silêncio, mudos. Os presentes podem se manifestar por meio de comentários, bater palmas, vaiar, fazer a prateada (bater os pés) etc durante o desenrolar do troço. 

O Sapateado do boxe é uma tragicomédia, ou seja, é uma comédia, mas também é uma tragédia, ao mesmo tempo. Nem isso, nem aquilo, mas isso e aquilo – como a vida. Podemos rir, mas podemos chorar; podemos nos identificar, mas podemos achar que não temos nada a ver com isso. Podemos achar tudo uma grande palhaçada, uma bobageira sem fim, podemos achar tudo sério demais. Uma família. Pai, mãe, filho, filha. Quatro juntos e separados. Intimamente ligados e desconhecidos. Completamente diferentes mas completamente iguais. Se odeiam, mas não se desgrudam. Se amam, mas não se suportam. Um o reflexo do outro, ora distorcido, ora perfeitamente igual. E muitas memórias. Um formigueiro de memórias, um enxame, uma alcateia. E um sapateado, orquestrado por um bode, que tem uma expressão enigmática em seu rosto: é um riso? Um deboche? Um sarcasmo? Um choro preso? Um grito brotando? Um tom a mais, um batuque mais forte, um batom mais carregado, uma carne mais salgada, uma gargalhada forçada, um choro para chamar atenção dos outros...um tom a mais.

O Sapateado do bode é cheio de clichês, de estereótipos, de senso comum. Não é real: é como se fosse um sonho que se torna um pesadelo que não deu certo. É pecinha, teatrinho. É tão pão com ovo, arroz com feijão, banana no meio do pão que podemos terminar com esse chavão: qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência.  


 o troço:

 

Acreditamos que o conceito 'espetáculo' não consegue dar conta de nossos anseios estéticos e, por isso, procuramos e encontramos numa outra palavra conceitual, um tanto inusitada, algo que nos pareceu mais condizente: troço.

 

O troço é uma coisa. E uma coisa é difícil de ser definida, delimitada, de se ver claramente seus contornos, é algo que nos escapa à explicação, mas que também tem em si algo de quase desprezível, de imprestável. O troço está à margem.

 

A utilização de troço ao invés de Espetáculo como denominação de nossa criação traz consigo um posicionamento crítico sobre a sociedade contemporânea, compartilhando com pensamento proposto por Guy Debord em sua obra Sociedade do espetáculo.

 

Além disso, como resultado estético, encontramos no troço a hibridização das formas artísticas.

 próximos EVENToS: 

ago/16: Inscrições e início da Oficina de Demo_lições Artísticas  

ago/16:  Intervenção texto coletivo

11/09/16:  Inauguração da sede da Descompan(h)ia Demo_lições Artísticas iLTDAs

 

set/16:  Exposição

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