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Release dos troços

 

O SAPATEADO DO BODE

 

Eustáquio e Erineise são um casal...não... Eustáquio e Erineise são um ex-casal...espera mas Erineise está morta??? Nesta tragicomédia, Eustáquio tenta reconquistar Erineise, mas com a chegada dos filhos lembranças do passado ressurgem e advogam contra ele. A peça aborda de forma bem humorada e crítica a violência doméstica e o machismo. 

 

A GUERRA

 

A cidade está em chamas!!! Todos contra todos lutam para conquistar o poder até a destruição total do outro e de si. Monumentos são erguidos e demolidos num piscar de olhos. Até onde o ser humano é capaz de ir para alcançar o poder?

 

A ARCA

 

Na peça as personagens buscam o amor mas não conseguem construir relações amorosas, num carrossel de amores fracassados. Baseada no mito de Fedra, a peça questiona o amor na contemporaneidade

Proposta de encenação

 

Para a encenação dos três espetáculos a proposta é a continuidade de nossa investigação da estética da cena sobre aquilo que denominamos de troço: Acreditamos que o conceito 'espetáculo' não consegue dar conta de nossos anseios estéticos e, por isso, procuramos uma outra palavra que nos parecesse mais condizente. Foi assim que chegamos a uma palavra, um tanto inusitada, mas que para nós assumiu os contornos de um conceito-estímulo, troço. O troço é uma coisa. E uma coisa é difícil de ser definida, delimitada, de se ver claramente seus contornos, é algo que nos escapa à explicação, mas que também tem em si algo de quase desprezível, de imprestável. O troço está à margem. A utilização de troço ao invés de Espetáculo como denominação de nossas criações traz consigo um posicionamento crítico sobre a sociedade contemporânea, compartilhando com pensamento proposto por Guy Debord em sua obra Sociedade do espetáculo. Além disso, como resultado estético encontramos no troço a hibridização das formas artísticas, tornando as fronteiras entre elas esfumaçadas.

 

Embora nosso suporte seja o teatral investigamos como as demais linguagens artísticas, sobretudo a cinematográfica, interferem na criação teatral. O troço ora intensifica as personagens tipos, acentuando ainda mais as suas cores, alcançando as raias do grotesco, do teatro de mal gosto, do teatro pânico ora nega a intensificação, propondo uma interpretação de minúcias e detalhes, num hipernaturalismo cinematográfico. As referências utilizadas no caso da intensificação são os filmes dos cineastas Alejandro Jodorowski e Emir kusturica e de negação os de Ingmar Bergman. Além disso, nele o espaço físico desempenhará uma função dramatúrgica ora transformado pela ficção ora mantido em sua concretude.

 

No troço a mistura de gêneros (cômico, dramático, trágico, farsesco, etc) é uma característica da encenação. Nós procuraremos as gags, as interposições, as dissonâncias, suscitando uma multifocalidade do olhar e contemplando várias perspectivas possíveis.

 

O público nos troços será convocado a adentrar a sala de ensaio: ele não assistirá algo passivamente, vivenciará algo coletivamente. Ele poderá se deslocar pelo espaço em busca de algo, poderá fazer a pateada, assobiar, gongar a cena, fazer comentários em voz alta durante o troço, torcer por uma personagem, etc. Buscamos um desaburguesamento do público, uma desdomesticação do público emudecido, só olhos. Pretendemos minimizar o máximo possível a separação entre público e ator. Com isso, pretendemos fomentar que o público se torne coautor da criação, por meio da apresentação da perspectiva e da poetização de seu olhar: que seu olhar não seja somente contemplativo mas que desenvolva também o seu olhar, consiga construir um sentido àquilo que está vendo, desenvolvendo em si a potência da fabulação - tornar-se alguém capaz de fabular, tornar-se contador de sua história, a partir de sua perspectiva.

 

Nos troços teremos três momentos distintos: 1) apresentação propriamente dita do espetáculo 2)pit stop, onde interrompemos a apresentação e conversamos com o público sobre o espetáculo até aquele momento e 3) interferência, a participação de um artista convidado com sua atração (por exemplo, música, dança, literatura, etc). Esta troca ampliada durante o processo de apresentação busca fomentar a consolidação de um espaço de encontro e diálogo. Assim, a obra criada recebe contribuições diversas de inúmeras outras pessoas. As obras tornar-se-ão fruto de um intenso diálogo com o público, que se torna participativo e atuante. É a isso que denominamos de troço e que norteia nossa encenação e investigações cênicas, gerando um mix entre espetáculo de teatro, mostra de artes, sarau e rodas de conversa.

 

Por fim, o troço traz como proposta fazer da encenação um jogo de puzzle, peças que se encaixam, se moldam, em constante modificação de sentido. Não teremos a repetição do mesmo troço: a cada dia uma experiência porque vamos descobrindo aos poucos a relação entre as personagens e situações criadas, entre o texto e a cena, entre a cena e o público, entre os artistas convidados e a nossa criação. Assim, a encenação terá os contornos de um Work in progress que vai se construindo e se descontruindo e se reconstruindo a cada encontro, incessantemente, a partir do diálogo com o público em nossos bate-papos durante e após as apresentações.

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